*Por Adeli Sell
Subsecretário do Parque Assis Brasil
Estava lotada a galeteria. Burburinho. Mesas próximas. Uma moça jovem lasca: “uma costelinha de porco, por favor!”. Além de educação, sabia pedir um corte de primeira que serviam à mesa neste local.
Para muitos pode ser estranha esta combinação típica nossa de galeto com carne suína, mas a verdade é que caiu no gosto de todos, da elegante moça que ouvia ao idoso que estava na mesa ao lado. Já vai longe o tempo do “porco de banha”, aquele que fez a riqueza de muitos aqui no Estado. Lembro que A.J. Renner começou produzindo banha no Vale do Caí para se tornar o capitão da indústria gaúcha e construir um império.
Com a abertura do mercado de carne suína no exterior, o aumento da renda interna, o atual nível de emprego, mesmo quem só ficava no rodízio de pizza optou por outro cardápio, o que tem levado as pessoas a consumir carne suína e de frango.
Mas os cortes não ficam apenas na costela ou no lombo que a junto com “espeto corrido”. Já temos buffet com leitão assado, servido frio ou “a La Carte”, com cortes diferenciados e inovadoras combinações de temperos, com geleias e outros acompanhamos singulares.
O típico “eisbein” que praticamente só se servia em festa popular alemã já é comum na capital. Forte mesmo está a feijoada, com invernos prolongados utilizando partes do suíno e que fazem a delícia de quem é bom de prato a quem é mais contido à mesa. E feijoada com rabo, orelha e pezinho, junto com um sambinha, é de fechar o boteco.
A tendência é aumentar o consumo da carne suína, tanto na mesa do brasileiro, quanto nas mais distantes mesas do mundo afora, a exemplo do que já ocorre com os espanhóis, cubanos, mexicanos, russos e outros que comem bem mais carne de porco do que nós. E o consumo é ainda variado de região para região, mais no Sul do que no resto do país até porque concentramos a produção maior nos três Estados do Sul.
No Rio Grande do Sul devemos estar chegando a oito milhões e maio de abates por ano. Frederico Westpahlen chega perto dos 100 mil, é claro perdendo para a campeã das campeãs: Nova Candelária, que chega a 230 mil. Na produção primária vêm ocorrendo mudanças estruturais com aumento de escala, especialização e tendências relacionadas à crescente integração com a estrutura industrial de abate e processamento.
O produtor, hoje em dia, a bem da verdade, fica muito limitado ainda a um processo de integração com a grande indústria. Mas as associações municipais, o papel de incentivo de prefeituras, a organização dos produtores na Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul tem dado mais incentivo a qualquer produtor, integrado ou não. Ha espaço para o pequeno, o médio e o grande produtor.
Outrossim, a produção suína, bem como a de aves, hoje concentrada na chamada Metade Norte, representa um mercado cativo para a lavoura de milho do RS, logo é imperioso o incentivo a este plantio. Como temos uma melhora na seleção de grãos, aumento de produção por hectare plantado, tudo isto ajuda no processo de produção de carnes.
O Estado, através de políticas governamentais, tem que estar presente na produção de insumos, como deve incentivar pequenos e médios abatedouros. Mas cabe a uma Feira como a nossa Expointer – que tenho o prazer de dirigir neste ano – apresentar o produto final, os cortes de carnes, com atividades de gastronomia variadas.
E nosso objetivo é ao longo do ano criar mecanismos de divulgação da produção da carne suína, seus cortes múltiplos, suas imensas possibilidades de uso no consumo diário, numa parceria com o setor de restaurantes.
Queremos propor ainda para este ano um Festival da Carne Suína no Parque Assis Brasil, para um público consumidor de seu entorno que chega a quase um terço de sua população, para tornar a carne suína tão consumida e apreciada como o frango, esta junção que deu certo nas galeterias, como vimos a moça citada pedir “uma costelinha, por favor”.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 30/05/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,25Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.765,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 68,25Preço base - Integração
Atualizado em: 03/06/2025 09:40